sexta-feira, agosto 18

O Vazio em Mim


Um dia eu me senti vazia... diferente dos outros dias vazios que costumava ter... Esse era mais forte e tomava conta de todo meu ser, controlava todas as minhas ações e emoções... O motivo?... Não sei... Talvez a própria falta de motivos, a falta de emoções e reações em momentos peculiares... Mas o vazio... Bem... O vazio me transformou em poeira, em um sentimento de desprezo... Já que não tive direito nem a tristeza, pois com a tristeza você cresce e depois de um dia triste vem sempre um feliz, mas e no vazio? O que acontece? O que vem depois?

Eu não conseguia pensar, sentir, ouvir, falar... Quando me dei conta estava na varanda... Era uma noite fria, tinha acabado de chover, ainda conseguia ouvir o barulho dos pingos... A lua e as estrelas continuavam escondidas por uma nuvem cinza carregada.

Eu olhei os prédios a minha volta... Era tarde, a maioria das pessoas dormiam e alguns poucos permaneciam acordados vivendo suas vidas estranhas... Observei por um tempo e olhei pra baixo... O chão... Estava molhado, parecia frio... Um outro lado... Uma solução?... Tremendo um pouco me sentei no “para-peito”... Fechei os olhos com muita força e esperei que algo ou alguém me empurrasse... Esperei... Esperei... E nada... Nada aconteceu... Abri os olhos, me virei... Fui para a minha cama e dormi.

Alguns anos depois e há poucos meses atrás eu senti o mesmo vazio daquela noite... Um vazio que controlava minhas ações e emoções... Eu estava só em casa... Abri a geladeira e me servi com um cálice de vinho... Sentei na cama e o saboreei aos poucos... Sem pensar... Apenas bebi.

Alguns minutos depois com o cálice vazio, me levantei e tirei minha camisa olhando para o espelho... Admirei e observei meu corpo desnudo por alguns minutos... Era como se fosse a ultima vez que o via.


Abri a gaveta e peguei uma faca... Linda... Prata e muito afiada... Havia me cortado nela dias atrás... Nada serio, mas profundo...

Deitei-me na cama e encostei a faca com a ponta virada para a minha barriga... Minha respiração acelerou... Cada vez respirava mais forte e quanto mais forte mais a faca me cortava... Não o suficiente para perfura o abdômen, mas o suficiente para me fazer sangrar... Fechei os olhos com muita força e mais uma vez esperei que algo ou alguém empurrasse a faca... Esperei... Esperei... E nada... Nada aconteceu... Tirei a faca e a coloquei do meu lado... No lugar que a faca tocava ficou apenas um corte com um pouco de sangue... Me virei e dormi.

[Pic: Play with the knife by Kotsiak]

2 comentários:

Anônimo disse...

ahm....depois do vazio vem o cheio.

Anônimo disse...

Mas que beleza isso aqui. E o perfil no Orkut também.